KALUNGA PEQUENA



"Seria possível que entidades espirituais reconheçam o que lhes é oferecido, como orações e outras formas de homenagem e venham agradecer a quem realizaou estas homenagens, ou seriam somente lendas e histórias passadas de gerações para gerações?"

O Relato a seguir é justamente sobre esse misterioso acontecimento!

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Era o ano de 1988 ou 1989, não me lembro exatamente, mas foi em um desses anos que o fato se deu comigo mesmo.
Na época eu frequentava um terreiro muito famoso aqui em Curitiba, é claro que não direi nomes e muito menos a sua localização, pois ele existe até hoje.
Éramos mais ou menos uns quarenta participantes das "giras" dos sábados a noite, a qual começava as seis da tarde, e se estendia até perto da meia noite, quando quase o último ônibus partia do bairro sentido a Praça Rui Barbosa.
Depois de alguns anos ali e amadurecendo cada vez mais, fui sendo notado pelas "maiorais" do terreiro, as quais me convidaram para ser "pai pequeno" da referida casa.

No início fiquei saltitante com a escolha e até certo ponto honrado com a minha própria conquista, pois eu me destacava com as minhas "entidades", e eu era chamado de: "Cavalo bom", e cavalo bom tem que ser marcado.
Numa ida e vinda da "kalunga pequena", fomos em quatro pessoas fazer uma entrega para determinada entidade.

Obs.: Para os que não sabem, "kalunga pequena" é o cemitério.

O momento seria talvez uma hora antes da meia noite, e estávamos na frente do portão principal do cemitério fazendo os primeiros preparativos para a entrega posterior que seria feita no Cruzeiro das Almas.

Obs.: "Cruzeiro das Almas", é a cruz principal e é a maior de todas, que existe dentro de todos os cemitérios.

Fizemos as entregas, chamamos quem deveria chamar, chegou quem deveria chegar, enfim, deu tudo certo, e partimos rumo as nossas casas em apenas um carro.
Naquele tempo eu ainda não tinha automóvel, pois pelos fatos que narrei acima, a minha presença em quase todos os trabalhos naquela casa, era imprescindível.
Foi quando de repente, do nada, apareceu por trás de mim um homem.
Estávamos já quase todos dentro do carro, só eu ainda estava para fora, pois eu iria voltar ao lado do motorista como passageiro e o homem muito educado por sinal, me cumprimentou com um "boa noite", e me perguntou aonde ficava tal rua.

Esse cidadão estava muito bem vestido, com um termo cinza, uma camisa branca, e uma gravata marronzinha clara, me lembro desses detalhes como se fosse ontem, só que tinha um detalhe naquele homem; ele não calçava sapatos, ele estava com os pés descalços.
Talvez somente eu tivesse visto aquilo, pois eu era o único que estava frente a frente com ele.
Quando um trabalho pesado desses é feito, a sua mente entra em um "outro estágio", o seu corpo está ali, porém a mente fica por dias vagando por aquele lugar em que foi feita a oferenda, e após passado algum tempo você começa a ter "flashs" dos assuntos por você vistos e vividos naqueles momentos, você não se lembra de tudo de forma imediata.

Eu disse para o aquele "homem" que não sabia da referida rua, então perguntei aos meus amigos de dentro do carrd se por acaso algum deles sabia, e os mesmos disseram que não.
Foi quando o misterioso "homem" vestido de termo e descalço falou:

"O trabalho de vocês foi aceito, eu aceitei muito bem, obrigado".

Era sim a entidade a qual foi oferecida a entrega, e ele veio materializado buscá-la.
Só não posso dizer o seu nome, isso fica a cargo dos leitores.
Tenho outras histórias ainda mais arrepiantes, até a próxima.

 

José Augusto do Carmo Tambosi
Curitiba - PR - Brasil
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